quarta-feira, 21 de setembro de 2011

16° dia - viagem Atacama - 20/09/2011 - Córdoba

Depois de passar um dia em Mendoza só passeando de van, deu um pouco de preguiça de sair de moto e enfrentar a estrada. O hotel Condor Suites foi bom, teve um bom café da manhã e tinha estacionamento coberto para as motos no sub-solo, foi fácil montar tudo de novo. O que tem de certa forma desanimado um pouco é o ritual diário de monta e desmonta bagagens, GPS, SPOT, etc, etc, etc, e ainda tem que carregar tudo para o quarto, tirar das malas, carregar celulares, cardo, etc, etc, etc, bem, faz parte. Passamos na “gomeria” para calibrar os pneus, a maioria dos postos não tem ar disponível ou se tem, é um só calibrador e com certeza com fila. O nível de serviços nos postos é péssimo, limitam-se a colocar gasolina, quando tem, e sempre há filas, perde-se muito tempo em cada abastecimento. Andar nas cidades grandes, como em qualquer lugar, é complicado, as rotas e direções não são bem sinalizadas, como já havia comentado antes sobre as estradas e principalmente nos entroncamentos (empalmes). Não há quase sinalização, a gente só vê depois que entrou na estrada e as vezes lá para frente, se o caminho estiver errado, tem que voltar. O melhor é sempre pedir orientação aos policiais que tem nos ajudado sempre, uma simples consulta pode poupar tempo e quilometragem. Foi o que fizemos na saida de Mendoza. Paramos em uma barreira da polícia Caminera e os policiais nos orientaram para não irmos para Córdoba pela Ruta 142 até Encón e depois pela Ruta 20 até Córdoba, a área é muito desolada e havia a possibilidade de não haver combustível em Encón. Nesta conversa com os policiais, todo o grupo de uns 10 ou 12 veio ver as nossas motos e nos mostraram a BMW G650GS que eles utilizam, como se quisessem nossa aprovação. O Mauro já teve uma e disse-lhes que é ótima, ficaram satisfeitos. Perguntaram sobre nossas roupas, nossos equipamentos, queriam saber um monte de coisas, foi muito legal, trataram-nos com atenção. Enfim, nenhum problema até aquela hora com policiais. Seguimos em um bom ritmo, as estradas eram de pista dupla e com pouco movimento depois de uma certa distancia de Mendoza, deu sono. Seguimos por San Martin, La Paz, San Luís, aonde novamente pedimos orientação a policiais. Continuamos por La Toma, Concaran e Vila Dolores. Na saída de Vila Dolores, em um posto de polícia de Mendoza, havia um policial examinando só a luz de freio de todos os veículos e é claro, a minha luz de freio não estava funcionando (Murphy seu @#$%¨ &* %$#¨). O policial recolheu meus documentos e disse que precisaria fazer um “auto” e eu lhe disse que iria verificar os contatos pois não era lâmpada queimada porque as luzes da lanterna e freio são de leds. Tirei toda a bagagem e o banco e reconectei os contatos. A luz de freio do pé começou a funcionar, foi o suficiente para que ele me liberasse e ainda me desse um mapinha da região, cortesia da polícia de Mendoza, tudo bem daí para frente. Passamos então por um trecho conhecido por Altas Cumbres de serras e vales imensos, e curvas e mais curvas com pedras, óleo e areia, fizemos com cuidado, alguns carros passavam por nós com velocidade excessiva, não sei como não vimos acidentes ali. Os motoristas aqui, em geral, são muito indisciplinados e irresponsáveis, acho também porque não há guardas nas estradas, só nas barreiras, dificilmente vimos guardas. Já mais perto de Córdoba, saimos por Alta Gracia ao invés de seguirmos por Vila Carlos Paz, uma estradinha bucólica e gostosa para curtir, indicação do frentista do posto Petrobrás em Vila Dolores. Depois de toda esta mudança de rota, acredito que adicionamos inesperados 120 km, mas valeu. Enfim, chegamos a Córdoba (ou seria já São Paulo antecipadamente). Trânsito, rush, faixas de onibus e taxis, motos transitando igual aos motoboys, taxis querendo passar por cima de nós, onibus querendo passar por cima dos taxis e de nós também, me senti em casa... Uma grande dificuldade para achar o hotel Howard Johnson, para variar o GPS não ajudou, o mapa não está muito detalhado e as vezes leva para lugares próximos ao destino. Ao chegar descobrimos que não havia estacionamento no hotel, ainda tivemos que levar as motos a um quarteirão e meio e ainda pagar 40 pesos por um dia. Ainda com relação ao restaurante do hotel, que escolhemos por estarmos cansados e não querermos sair, foi caríssimo pelo que comemos e bebemos, 20 pesos por cada Heineken (pequena) e 48 pesos por um bife de chorizo muito mal assado, não recomendo o restaurante, melhor que tivessemos saido. Mas nem tudo está perdido, ainda há alguns sinais de humanidade mesmo nestas cidades tão impessoais. Um senhor, que até me pareceu bem humilde, viu que estavamos parados procurando no GPS e se ofereceu para ajudar-nos, inclusive chamou policiais que estavam por perto para nos auxiliar. Os policiais em motos também, nos acompanharam com suas luzes ligadas, por um trecho do caminho do hotel, quatro à frente e dois atrás, pareciam que estavam nos escoltando, chamamos a atenção das pessoas na avenida mais movimentada de Córdoba, parecia uma comitiva. Ainda quanto ao senhor humilde, parecia que não sabia o que fazer para nos agradar, sem interesse algum. As vezes a ajuda vem de quem menos se poderia esperar, obrigado.

Altas Cumbres
Altas Cumbres
Altas Cumbres
Altas Cumbres
Altas Cumbres
Altas Cumbres

Nenhum comentário:

Postar um comentário